Os efeitos da gravidez na saúde da mulher

Os efeitos da gravidez na saúde da mulher

São muitos os efeitos da gravidez na saúde da mulher, e hoje quero conversar com você sobre alguns deles. 

Complicações são possíveis

Mulheres com certas complicações médicas durante a gestação estão mais sujeitas a desenvolver doenças crônicas ao longo da vida. Por isso, a gravidez tem sido vista como uma janela futura para a saúde da mulher. 

Quer exemplos? Vamos lá: 

  • A pré-eclâmpsia, com incidência de 5 a 10%, é um importante fator de risco para futuras doenças cardiovasculares;
  • Aproximadamente, 6 a 7% das gestantes têm diabetes – dentro desse universo, 90% dos casos são de diabetes gestacional;
  • Outro problema que desafia a assistência à gestante é a obesidade: mulheres obesas têm maior risco de desenvolver doenças cardíacas, hepáticas, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e doenças tromboembólicas venosa. 

As mulheres estão engravidando ‘mais tarde’

As mulheres são mais férteis entre 15 e 30 anos. É considerada ‘idosa’ a grávida acima de 35 anos. 

No entanto, na literatura mais recente, a definição de idade materna avançada foi elevada para 40 a 45 anos. É incontestável que as mulheres, hoje, estão engravidando mais tarde – elas estão muito ocupadas desempenhando o seu papel na sociedade e está tudo bem em fazer isso; acredito que cada uma deva buscar o seu espaço seja em qual ambiente for. 

Mas é preciso informar que, à medida que a idade avança, aumentam os efeitos da gravidez na saúde da mulher – isso implica, por exemplo, no controle da gravidez que em qualquer idade não é isenta de riscos; porém, na idade materna avançada é sempre de alto-risco. 

Rejuvenescimento é um dos efeitos da gravidez na saúde da mulher

Surgiu recentemente na literatura um artigo muito intrigante, ao meu ver, sobre o efeito rejuvenescedor da gravidez. 

A gestação pode ser vista como um estado estável – semelhante ao da parabiose (no qual dois organismos compartilham seus sistemas sanguíneos). Neste caso, o organismo adulto (mulher grávida) fica exposto a um organismo extremamente jovem (o feto). Desde a sexta semana de gestação, as células do feto estão na circulação materna – é o microquimerismo fetal. O feto pode proporcionar um efeito rejuvenescedor na mãe. 

Estudos, ainda, mostram o papel protetor da gravidez no fígado, no sistema nervoso central, no coração e na pele da gestante. Investigação de grande prospectiva sobre a esclerose múltipla demonstrou que a taxa de recidiva da doença foi menor na gravidez; no mesmo passo, há comprovado efeito da gravidez na regeneração do coração, proporcionando proteção contra a lesão cardíaca isquêmica. A análise de diferentes populações demonstrou efeito protetor da gravidez na longevidade da mulher. 

Em suma, a gravidez tem efeito benéfico na mulher e pode ajudar a superar consequências negativas do envelhecimento. As mulheres que não apresentam doenças próprias da gravidez (pré-eclâmpsia e diabetes melito gestacional), que realmente afetam suas vidas em longo prazo, podem efetivamente se beneficiar do efeito protetor da maternidade. 

Referência: Montenegro, C.A.B. Rezende Filho, J. Rezende obstetricia – 13. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

Kelli-Gil-Zamignan
Kelli Gil Zamignan,
Enfermeira Obstetra
COREN/MT – 360550 / RTE – 035926

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